O Parque Indígena do Xing, no Mato Grosso, completa 50 anos no ano que vem. Mas entre a data de criação pelo Presidente Jânio Quadros, em 1961, e a conclusão de sua demarcação física foram necessários 17 anos. Os diferentes povos que habitam a região do Xingu e que estão sendo ameaçados, direta ou indiretamente, pela possível construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará – cujo leilão acontecerá dia 20 de abril, um dia depois do Dia do Índio.
Localizado em uma região de transição ecológica entre savana e floresta amazônica, o Parque possui diferentes paisagens em seus limites como cerrado, florestas de várzea, campos e florestas de terra firme. Atualmente, em sua porção sul, engloba a área cultural conhecida como Alto Xingu, da qual fazem parte os povos Aweti, Kalapalo, Kamaiurá, Kuikuro, Matipu, Mehinako, Nahukuá, Trumai, Wauja e Yawalapiti.
A despeito de sua variedade lingüística, esses povos caracterizam-se por uma grande similaridade no seu modo de vida e visão de mundo. Estão articulados numa rede de trocas especializadas, casamentos e rituais inter-aldeias. Entretanto, cada um desses grupos faz questão de cultivar sua identidade étnica e, se o intercâmbio cerimonial e econômico celebra a sociedade alto-xinguana, promove também a celebração de suas diferenças.
Apesar das diferenças entre os povos do Parque, em determinados contextos se articulam em função de interesses e objetivos comuns. As organizações indígenas (sobretudo a Associação Terra Indígena do Xingu) têm se estabelecido como um importante meio de interlocução com a sociedade nacional e fomento de projetos de educação, alternativas econômicas e proteção do território. As questões que envolvem o licenciamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – na Volta Grande do Rio Xingu, no Pará – são um bom exemplo desta união.
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